Mais Um Acidente



Na volta do meu trabalho na Estereosom, me deparo com mais uma cena de pânico. Ambulância, Polícia Rodoviária, Sinalizadores, correria e uma fila indiana de carros, entre eles o meu, orientados a ficar no acostamento em virtude de um grave acidente. Segundo o funcionário da concessionária da rodovia Piracicaba - Rio Claro, a vítima ainda estava na primeira via (lado direito da pista). Em plena madrugada a cara de nós motoristas nos mostrava o que sempre esquecemos quando estamos no volante: que somos mortais. De longe, mais a frente, pude ver o que sobrou de uma moto no acostamento, e a ambulância ainda no local, do lado esquerdo da pista, a poucos quilômetros da entrada de Piracicaba, no sentido de quem vem de Rio Claro. Acostumados a passar lá e ver os olhos de gato da pista passarem, a sensação de estar parado no tapete preto é incômoda. E é incômoda exatamente pela triste constatação de que quem dirije pelas estradas nunca sabe o dia de amanhã. Há muita negligência de motoristas sim, como também é notória uma quase que necessidade de uso de radares. E posso provar isso com um exemplo recente. Na semana passada, em um acidente com vítima fatal que dirijia um Renault Clio na rodovia Limeira - Piracicaba, na alça que dá acesso à Pista Limeira - Iracemápolis, poucos quilômetros antes do resgate da vítima, um radar manual, apontado estrategicamente vistoriava cada carro. Ou seja, dane-se a vítima, dane-se a fiscalização e orientação dos motoristas xeretos, o negócio é fazer o radarzinho dizer para o que veio. E para quê ele veio afinal? Instrumento de educação no trânsito, como uma chibata eletrônica ou algo até pior? E em alguns casos é ainda pior, como na rodovia Piracicaba - São Pedro, onde o pequenino tripé é estrategicamente colocado no guard rail metálico na descida antes do postão de Santa Terezinha, assim como o carro de quem coloca também fica bem "camuflado". Pelo pouco que conheço da lei, isso não é legal. Não sei se estou enganado, mas o radar e a placa de aviso da fiscalização eletrônica tem que estar bem visíveis. Isso não livra a nossa cara (de motoristas) pelas negligências que cometemos, mas às vezes chego a pensar que na "ideologia" do uso dos radares móveis. O quanto um radar escondido pode colaborar para a redução de acidentes?

Saindo da questão moral, esses acidentes me fazem refletir sobre o risco das estradas. Talvez seja o momento de encarar isso como um aviso de Deus. Compartilho minhas lágrimas com as famílias das vítimas. Essa madrugada não consegui dormir nem por um segundo. Perderia muitas mais noites de sono se elas ao menos valessem um investimento maior em sinalização nas rodovias, além da questão que já citei em posts anteriores, pois é grande o número de animais, mortos e vivos que ainda vejo nas rodovias todos os dias. 
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Para completar o desabafo, um aviso aos motoristas, que aliás está em qualquer cartilha de trânsito: "veículos de menor velocidade devem permanecer a direita". O trecho da Avenida Doutor Paulo de Moraes passando pela avenida São Paulo até a saída para Rio das Pedras é em alguns momentos um teste cardíaco, pois exige paciência e perícia. Meu Deus, quanta imprudência. O Brasileiro é amável, prestativo, mas alguns tem um quê de querer levar vantagem em tudo, fato que é irritante. Não pensa no coletivo, no espaço, direito e mesmo no dever do próximo e de si mesmo, está desaprendendo a viver em coletividade, fato que herdamos desde a época das cavernas. Ou seja, em bom português alguns são bem folgados mesmo. Na parte da rodovia, em mais de uma oportunidade vi cavalos soltos, perigosamente próximos à pista do Ceasa, que liga as rodovias Piracicaba - Tietê à Rodovia do Açúcar. Quantas mortes valem a inciativa popular por melhorias nessas vias e por uma melhor conscientização dos motoristas?