Recolhendo a Esperança

Infelizmente não deu
Lutei com todas as armas que tinha
com o coração cheio de pensamentos positivos
orações desesperadas
em meio à sentimentos aflitos. 
Embora fosse previsível
perder você aqui fisicamente
é longe de ser algo
que seja encarado
de outra forma que não intensamente.
E eu confesso, que entre tantos pensamentos destrutivos
até me sinto culpado
Você esteve viva
e, principalmente nos últimos dias,
o que eu fiz para te salvar?
Me sinto tão idiota e imaturo
Por achar que minhas orações fossem dar resultado
Que teria poderes mágicos em minhas mãos
E eu tinha tanta fé
Mesmo com o prognóstico
Mesmo com o diagnóstico
Morri com sua morte
Perdi, mesmo que momentaneamente
o interesse pela vida.
Hoje, 
tudo que vejo e que respira
brota em mim uma sensação de que aquele sopro de vida um dia expira
Entre meus enfrentamentos
Há apenas o orgulho de não me escorar em ninguém
Não molhei outros ombros
Não me permiti derrubar também
No subsolo do jardim de flores e pássaros cantantes
Que é o que as pessoas veem de mim
Há uma guerra acontecendo.
São pedaços de carne, meus, para todos os lados
Poças de sangue entre sonhos cortados
Um céu carregado
Com um choro ácido e sequenciado
Sem estação, sem previsão
Uma constante perda de chão
Uma briga comigo mesmo 
A decepção
de não ter o dever cumprido
E de ter que aceitar algo
que de certa forma, não deveria ter permitido
Eu me senti péssimo
Por não ter lutado.
Algo eu deveria ter descoberto ou encontrado
Me preparei apenas para o pior
Covardemente na defensiva
Diante do esperado.
Aceitei ser derrotado
Golpeado
pelo ira do acaso
Deus não é o culpado
Talvez minha fé poderia ter o rumo das coisas alterado
Mesmo com a força do destino
A única coisa que sei 
é que perdi alguém que me acompanhava desde que me dei por gente
e que o futuro
é um caminho desconhecido
escuro
E eu o percorro com passos desritmados
Cada vez mais descrentes.
Até essa chuva passar
Há muita esperança morta no meu campo de visão
Muita dor caída no chão
Muito pensamento, que é nocivo
e que precisa ser combatido com mudança de ação.
Não há brotos no solo
que outrora fora inteiramente coberto
de fértil plantação
no campo da esperança e da alegria
Hoje rastejo
por uma via vazia
repleta de tristeza
na longa e triste madrugada
Agora, solitária e fria

Um comentário:

Helena Rodrigues disse...

Algumas pessoas quando se vão, levam um pedacinho nosso com elas. A tristeza é mesmo imensa.

Beijos.
Blog: *** Caos ***

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